Vida



 Pe. Agostinho nasceu no dia 28 de março de 1924, na cidade de Encantado, RS. É o décimo primeiro de 13 filhos, de Antônio Pretto Sobrinho e Gioconda Sangalli Pretto. Viveu sai infância e cursou então o primário, na Escola da Comunidade Nossa Senhora Auxiliadora, onde residia com seus pais e irmãos. Aí estão suas raízes que, com emoção e alegria, ele cultivava.
Em 1937, com 12 anos de idade, ingressou no Seminário central de São Leopoldo, RS, e em 1938, no Seminário São José, em Gravataí, RS.
De 1946 a 1948, cursou Filosofia e de 1950 a 1953, a Teologia.
Foi ordenado sacerdote pelo Bispo D. Vicente Sherer, em 30 de novembro de 1953, no Seminário de Gravataí, RS.
No dia 06 de dezembro, celebra sua primeira missa na Igreja matriz de São Pedro, de Encantado, RS.
No dia 08 de dezembro, foi solenemente recebido como neo-sacerdote na sua comunidade natal, Nossa Senhora Auxiliadora, em Encantado, onde celebrou sua primeira Missa Solene.
Na mesma comunidade, que o tem como um dos filhos mais ilustres, celebrou também os 25 anos de sacerdócio.
De 1954 a 1963, exerceu as funções de Vigário Paroquial na Catedral Metropolitana e nas paróquias de: São Geraldo, Nossa Senhora Auxiliadora e São João, na capital gaúcha. Nesse período também foi Capelão do Esporte Club Internacional, o colorado gaúcho, onde celebrava missas.
O ano de 1955, marcou o início da longa e difícil, mas exitosa caminhada, junto ao mundo operário, onde se tornou uma das mais importantes e proféticas lideranças da Igreja do Brasil, nos últimos 50 anos.
Nesse ano, ao lado de D. Edmundo Kunz, PE. Agostinho recebeu, do Arcebispo D. Vicente Scherer, a missão de implantar a Ação Católica Especializada no Rio Grande do Sul, em substituição à Ação Católica Geral, opção da Igreja Católica do Brasil, na época. Para tanto, foi nomeado Assistente Eclesiástico da JOC – Juventude Operária Católica, em âmbito Diocesano e Assistente da JOC regional, compreendendo o Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Em pouco tempo, equipes de jocistas (jovens trabalhadores e empregadas domésticas), organizados a partir do método: Ver, Julgar e Agir, eram presença expressiva em quase todas as Paróquias da capital gaúcha, arredores e também em algumas Dioceses do interior do Estado. Jovens operários se tornaram responsáveis pela articulação e difusão do Movimento, garantindo-lhe a sustentação e a mística, sempre integrados em plano nacional.
Em 1957, Pe. Agostinho, jovem e dinâmico, já conseguia juntar aproximadamente 25 Jocistas de Porto Alegre, a outros 158 do Brasil, para participar do 1º Congresso Internacional da JOC, em Roma, que contou com a participação de 30.000 delegados, de todo o mundo, ocasião em que foram recebidos pelo Papa Pio XII. Durante a viagem de ida, em alto mar, recebeu a notícia da morte de seu pai.
Sua atividade se destacou de tal forma, que em 1963, foi convidado por D. Helder Câmara, a ser Assistente Eclesiástico da JOC do Brasil.
Liberado por D. Vicente Scherer, transferiu-se para o Rio de Janeiro. Exerceu o cargo por 4 anos, desenvolvendo intenso trabalho, como pioneiro da JOC no Norte, Nordeste, centro e Sul do país.
Mas tempos difíceis lhe estavam reservados!
Em 1964, viveu em detalhes, como poucos, o golpe e a ditadura militar. Nos “anos de chumbo” com seu ápice em 1970, as sedes da JOC, dos outros setores e organizações populares em todo o Brasil, foram invadidas, fechadas e lacradas. Seus dirigentes e assessores, perseguidos, presos e torturados, sendo o Padre Agostinho, um deles.
Nada, porém, foi capaz de abalar sua solicitude e verdadeira “paixão” pela classe trabalhadora.
Em 1966, passou a ser Assistente Eclesiástico Latino-Americano da JOC, com sede em Lima, no peru, atuando nos anos de 1966 a 1972, em todos os países da América Latina, iniciando no Paraguai e México. Era o tempo das sucessivas ditaduras no Continente Americano, cada qual mais violenta e opressora. Nenhuma delas, no entanto, conseguiu impedir a atividade do Pe. Agostinho, ocupado em formar lideranças cristãs no mundo do trabalho, com a esperança sempre viva, de dias melhores.
Como Assessor Continental, participou de inúmeros encontros internacionais. Por muitos anos, participou das reuniões do Conselho Mundial da JOC, com sede na Bélgica.
Nestes anos, importantes reuniões se realizaram na França; em Bangkok, na Ásia, em Beirute, no Líbano, entre outras e, o histórico encontro Latino-Americano em Medellín, na Colômbia, em 1968, com o Papa Paulo VI, para traduzir e introduzir o Concílio Vaticano II, para a América.
Em 1968, com o Ato Institucional Nº 5, o famigerado AI 5, intensifica a repressão pelo regime militar, Pe. Agostinho, com muitos outros companheiros, foi preso, torturado e obrigado a viver, depois, no silêncio da clandestinidade, permanentemente vigiado.
Em uma experiência dura e ao mesmo tempo rica, foi morar numa favela do Morro de São Carlos, no catumbi, Rio de Janeiro.
Nos ano de 1970, ainda em meio a turbulências e perseguições, ainda sob liberdade condicional e prisão domiciliar, cursou e se licenciou em Ciências Sociais, pela Universidade Federal de Teresina, Piauí.
Passada a tempestade. Saiu da prisão domiciliar e no ano de 1972, passou aresidir em Lima, no peru, onde ficou até o final do ano, podendo ser definido como um auto-exílio.
Retornou ao Brasil no final de 1972. Nesta época, muitos ex-jocistas voltaram à militância operária, participando da ACO –Ação Católica Operária, hoje Movimento dos Trabalhadores Cristãos.
De 1972 a 1974, assumiu como Assistente Nacional da ACO. No exercício dessa função, andava muito pela Baixada Fluminense, vindo a conhecer D. Adriano Hipólito, Bispo da Diocese de Nova Iguaçu, RJ. Foi se integrando na Diocese, sendo acolhido como membro do clero.
Sua presença foi tão forte, que no período de 1983 a 199, foi pároco da Catedral de Santo Antônio de Jacutinga, da Diocese de Nova Iguaçu, Vigário geral por 6 anos e Cura da Catedral.
Vencida a etapa da JOC, ao longo de muitos anos de vivência com a juventude trabalhadora, veio a opção pelo mundo dos excluídos e sua angustiante luta pela sobrevivência. Neste contexto se insere a realidade da Baixada Fluminense. Entendeu que era a continuação da sua dedicação e doação. Esta multidão era o seu grande livro de rezas. Nesta terra que o adotou, onde viveu por mais de 40 anos como sacerdote e cidadão, se engajou, inculturou e teve sua plena realização pessoal, sem no entanto, excluri ninguém. A dedicação aos trabalhadores mais necessitados era sua prioridade, perdurando o desafio e a opção pelo mundo dos exluídos.
Nesse período, surgem novas formas de pastoral e de organização popular: CPT –Comissão Pastoral da terra, CPO – Comissão Pastoral Operária, Conselho Indigenista Misionário.
Pe. Agostinho teve participação importante em todas elas, mas de modo especial na Pastoral Operária – PO. A Pastoral Operária, sempre com a sua presença inspiradora e animadora, gerou grandes lideranças que atualmente ocupam altos postos na administração do país, que não se cansam de reconhecer quão decisiva foi a pessoa de Pe. Agostinho Pretto, no rumo que tomaram suas vidas.
Em 1988, teve a oportunidade de visitar a China, fazendo parte de um grupo formado a partir de interesses de intercâmbio cultural.
Em 1992, numa Assembléia de Presbíteros, com a presença de mais de 400 padres, liderou a fundação da Associação Nacional de Presbíteros do Brasil – ANPB, sendo eleito o primeiro presidente, permanecendo por duas gestões, de 1992 a 1996. Hoje a Associação é uma realidade.
Em 1996. Pe. Agostinho liderou juntamente com um grupo de padres e leigos a construção de um projeto de formação social diocesano, capacitando cerca de 300 pessoas, durante três anos.
Em 1998, no dia 02 dezembro, no palácio Tiradentes, na capital carioca, a Assembléia Legislativa do estado do Rio de Janeiro, em sessão solene, concede ao Pe. Agostinho Pretto, o Título de Cidadão do estado do Rio de Janeiro.
Em 2001, assumiu a Paróquia de São José Operário (Bairro Califórnia – Diocese de Nova Iguaçu). Neste período, participou da fundação do Centro Sociopolítico da Diocese de Nova Iguaçu, espaço diocesano dedicado a formação sociopolítica dos leigos e leigas.
Em 2002 assume a assessoria das Pastorais Sociais Diocesanas, quando organizou um importante trabalho de articulação e formação.
No dia 30 de novembro de 2003, Pe. Agostinho celebrou seu Jubileu de Ouro de vida sacerdotal.
Viveu o restante de sua vida, se dedicando a Paróquia de São José Operário, no Bairro Califórnia, na Diocese de Nova Iguaçu, onde perdeu a luta para um câncer, vindo a falecer no dia 06 de outubro de 2011, aos 87 anos.

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